domingo, 25 de março de 2012

BAURU POR AÍ






 Material enviado por Henrique Perazzi Aquino  


É DE JAIME PRADO TODA INFORMAÇÃO DA MATÉRIA “BANIDOS DO MUNDO” 

Nas bancas de jornais Brasil afora algo sobre um dos lugares mais comentados de Bauru e pouco conhecido por todos aqui na cidade, a Colônia dos Hansenianos junto do Instituto Lauro de Souza Lima. A revista mensal e de circulação nacional, “Aventuras da História” (edição n° 104, março 2012, págs. 50 a 53) dedica uma matéria de três páginas, intitulada “Banidos do Mundo”, com a seguinte chamada: “As vítimas de hanseníase foram tratadas como prisioneiros noBrasil. Um grupo de pesquisadores quer identificar os filhos que foram afastados dos pais doentes”. O texto é assinado pelo jornalista José Francisco Botelho e todas as fotos e informações complementares ao texto foram fornecidas pela pessoa que mais entende desse assunto na cidade (quiçá no país), JAIME PRADO, simples funcionário público da instituição, lotado no setor de manutenção, mas nas horas de folga um verdadeiro memorialista e a pessoa com maior conhecimento para discorrer sobre a história de tudo o que ali ocorreu no passado.

A matéria só foi possível por sua causa e pelos documentos que conseguiu juntar ao longo dos anos. Jaime respira a história do ILSL (http://www.ilsl.br/) 24 horas por dia. Segundo ele, foram mais de dois meses de ligações contínuas, até a formatação final do texto e a transmissão via e-mail das fotos que ilustram a matéria. Um tanto polêmica, pois a matéria de um certa forma ajuda a desmistificar alguns dos personagens imortalizados pela história bauruense, com seus nomes em ruas e homenagens outras. É o caso do médico SallesGomes em um relato dele via facebook: “Esse arco que separava o acesso à colônia de isolamento do antigo Asilo-Colônia, separava os dois mundos, o sádio e o doente. Quem viveu o drama da separação sabe muito bem do que estou falando, aqui era o antigo e malfadado parlatório e foi demolido em 09/07/1945, depois de uma manifestação quando os internos se rebelaram com a conduta do carrasco dr Salles Gomes, manifestação iniciada no Sanatório Piratingui, em Itu e terminando no antigo Asilo-Colônia de Aimorés, que era conhecido no passado como Cidade Jardim, pela beleza de sua jardinagem, bem cuidada pelos próprios internos da época”.

Jaime ajuda a reconstruir uma história esquecida por muitos e que, infelizmente, ainda hoje persistem os que não demonstram interesse em contá-la da forma adequada e correta. Esse franzino e espevitado senhor, chegando forte e rijo aos 59 anos, demonstra uma vitalidade de guerreiro e uma disposição de quem tem a preservação da história da Colônia como meta de sua vida. “Tenho um material comigo requisitado por muitas instituições de fora. Tenho pouco apoio e não sei até quando conseguirei segurar tudo. Tenho 36 anos de serviços prestados ao ILSL, tive duas tias internas e hoje colaboro com o MORHAN (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase). Poucos imaginam que no auge aqui estiveram duas mil pessoas, praticamente uma pequena cidade e que o presidente Getúlio Vargas aqui esteve para inaugurar o cassino e outras instalações”, conta. Datas é com ele mesmo, tem tudo na ponta da lingua: “Essa foi a última colônia a ser construída no estado. A primeira reunião sobre o assunto ocorreu em Bauru em 25/09/1927, a construção teve início em 1928 e sua inauguração em 14/04/1933”.

O que pode ser visto na revista é só o começo. Jaime é uma falante pessoa, muito articulada e sincera nos seus atos, quer somente preservar a história ainda não revelada do lugar onde trabalha, um histórico local, diga-se de passagem. Uma apaixonante pessoa e dessas, impossível de serem ouvidas somente por alguns instantes. Suas histórias são mais do que instigantes, pois faz um trabalho, reconhecido lá fora, como o comprovado com a reportagem da revista e pouco conhecido entre os bauruenses. Para finalizar só mais um detalhe revelado por ele, esse não incluido na revista, mas tornado de conhecimento público nesses dias: “A antiga JAZZ BAND formada pelo maestro, musico, escritor, jornalista, clarinetísta, e missionário dos portadores da antiga lepra no Asilo-Colonia Aimorés, Jésus Gonçalves, um ilutsre cidadão que deixou sua história marcada desde 1933 quando foi internado na antiga colonia de isolamento”. Uma foto do agrupamento comprova o que escreve. Ele tem muito mais o que mostrar e falar. Hoje está debruçado na escrita de um revelador livro, outro motivador a lhe embalar a vida.



Fonte: http://www.mafuadohpa.blogspot.com.br/