segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Os indíos

Profª Marcia Regina Nava Sobreira

   Na história da colonização do território americano, verificamos que de Norte a Sul houveram choques violentos entre os denominados índios e o colonizador europeu.
   Na maioria das vezes o habitante natural acabava por levar grande desvantagem, visto que a força bélica foi imposta. Algumas vezes houve a tentativa de diálogo entre as partes, mas com poucos resultados positivos.
  Os europeus, ao chegarem à América do Norte já vinham com a intenção de permanecer na terra, de torná-la propriedade sua. Na América Central e Sul chegaram com o espírito voltado para tirar da terra tudo o que ela pudesse ter de valor. Ambos não mediram esforços para tal. Os índios, que já se achavam integrantes e “donos” desta terra, se assustaram com a chegada daqueles homens totalmente diferentes tomando posse de tudo, ocupando o espaço como verdadeiros intrusos. Evidentemente que a terra era grande e suficiente para todos, mas como duas civilizações com idéias, costumes, cultos religiosos tão diferentes poderiam conviver? De um lado, o índio acreditando que a natureza e ele são a mesma coisa, e que esta deve ser respeitada. Do outro, o homem civilizado acreditando ser o dono da verdade, e que seu modo de pensar e agir estava certo. Via na terra um meio de obter lucro, podendo ser explorada da melhor maneira, desde que se transformasse em riqueza.
    A maioria dos europeus condenou o modo de vida dos índios, seus hábitos, seus cultos, considerado por muitos um “animal” com atitudes pouco humanas, como se eles não chorassem pelas perdas de seus entes queridos ou não soubessem amar do jeito deles.
  Deste modo matar homens, mulheres e crianças indígenas não era “pecado” e sim o dever para a preservação de uma sociedade que só visava o seu desenvolvimento. Claro que muitos brancos foram mortos pelos índios também, mas em defesa de um espaço que acreditavam ser seu.
   Milhares de tribos foram exterminadas e outras encurraladas em reservas, cujas terras nem sempre são férteis, possuem caça, pesca e fontes de águas suficientes.
   No Brasil a população indígena está concentrada na Amazônia Legal: Mato Grosso, parte do Amazonas, Acre, Pará, parte do Maranhão e os territórios de Roraima e Amapá. Antes do processo de colonização estavam distribuídos em todo Brasil.
   Dos 5 milhões aproximadamente existentes nos séculos XIV, XV e XVI a FUNAI calcula que hoje está em torno de 220 mil. Sabemos que os conflitos entre posseiros e os índios nas regiões Norte e Centro Oeste tem aumentado e só contribuem para o aceleramento do processo de extinção dos índios. Existe no entanto, muitas pessoas principalmente dentro das Igrejas Católicas e Protestantes, que estão lutando para evitar que isto ocorra. Embora também existam outras que desejam o contrário.
   Outro dado alarmante é o fato de que muitas tribos das reservas estarem sofrendo com maior ou menos intensidade o processo de aculturação, perdendo muito dos costumes de seus antepassados. Um exemplo próximo é a Reserva de Araribá em Avaí.
                        Na área Sul, na qual Bauru faz parte, temos as seguintes tribos segundo a FUNAI:
                        
 POVOS         POPULAÇÃO        LOCALIZAÇÃO

 Xokleng               634                             SC
 Terena                 137                             SP
 Kaigang             10.426                  SP/PR/SC/RS
 Kaigang              1.388                      PR/SC/RS
 Guarani              2.208                      SP/PR/RS
                                     
    No município de Bauru tivemos no final do século XIX até 1912 muitos conflitos entre índios e brancos, principalmente durante a construção da estrada de ferro.
   Nas notícias sobre os ataques dos índios, este era tido como o “bandido” da história, poucas vezes se dava razão ao mesmo.
   A catequese foi uma forma encontrada pelo homem branco para tentar conquistá-lo, embora para analisarmos a questão precisaríamos de outra oportunidade.
    A preocupação nacional em relação aos grupos indígenas é muito pequena e vista com indiferença pela maioria da população, dando assim maior força àqueles que desejam aproveitar-se da situação para garantir seus interesses.
     É uma questão muito séria que poucos levam a sério, significa a extinção de seres humanos.

(Publicado no Diário de Bauru com o título Pobre raça indígena em 12/11/1989, p. 20)

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