Profª Marcia Regina Nava Sobreira
Na história da colonização do
território americano, verificamos que de Norte a Sul houveram choques violentos
entre os denominados índios e o colonizador europeu.
Na
maioria das vezes o habitante natural acabava por levar grande desvantagem,
visto que a força bélica foi imposta. Algumas vezes houve a tentativa de
diálogo entre as partes, mas com poucos resultados positivos.
Os
europeus, ao chegarem à América do Norte já vinham com a intenção de permanecer
na terra, de torná-la propriedade sua. Na América Central e Sul chegaram com o
espírito voltado para tirar da terra tudo o que ela pudesse ter de valor. Ambos
não mediram esforços para tal. Os índios, que já se achavam integrantes e
“donos” desta terra, se assustaram com a chegada daqueles homens totalmente
diferentes tomando posse de tudo, ocupando o espaço como verdadeiros intrusos.
Evidentemente que a terra era grande e suficiente para todos, mas como duas
civilizações com idéias, costumes, cultos religiosos tão diferentes poderiam
conviver? De um lado, o índio acreditando que a natureza e ele são a mesma
coisa, e que esta deve ser respeitada. Do outro, o homem civilizado acreditando
ser o dono da verdade, e que seu modo de pensar e agir estava certo. Via na
terra um meio de obter lucro, podendo ser explorada da melhor maneira, desde
que se transformasse em riqueza.
A
maioria dos europeus condenou o modo de vida dos índios, seus hábitos, seus
cultos, considerado por muitos um “animal” com atitudes pouco humanas, como se
eles não chorassem pelas perdas de seus entes queridos ou não soubessem amar do
jeito deles.
Deste
modo matar homens, mulheres e crianças indígenas não era “pecado” e sim o dever
para a preservação de uma sociedade que só visava o seu desenvolvimento. Claro
que muitos brancos foram mortos pelos índios também, mas em defesa de um espaço
que acreditavam ser seu.
Milhares
de tribos foram exterminadas e outras encurraladas em reservas, cujas terras
nem sempre são férteis, possuem caça, pesca e fontes de águas suficientes.
No
Brasil a população indígena está concentrada na Amazônia Legal: Mato Grosso,
parte do Amazonas, Acre, Pará, parte do Maranhão e os territórios de Roraima e
Amapá. Antes do processo de colonização estavam distribuídos em todo Brasil.
Dos
5 milhões aproximadamente existentes nos séculos XIV, XV e XVI a FUNAI calcula
que hoje está em torno de 220 mil. Sabemos que os conflitos entre posseiros e
os índios nas regiões Norte e Centro Oeste tem aumentado e só contribuem para o
aceleramento do processo de extinção dos índios. Existe no entanto, muitas
pessoas principalmente dentro das Igrejas Católicas e Protestantes, que estão
lutando para evitar que isto ocorra. Embora também existam outras que desejam o
contrário.
Outro
dado alarmante é o fato de que muitas tribos das reservas estarem sofrendo com
maior ou menos intensidade o processo de aculturação, perdendo muito dos
costumes de seus antepassados. Um exemplo próximo é a Reserva de Araribá em
Avaí.
Na
área Sul, na qual Bauru faz parte, temos as seguintes tribos segundo a FUNAI:
POVOS POPULAÇÃO LOCALIZAÇÃO
Xokleng 634 SC
Terena 137 SP
Kaigang 10.426 SP/PR/SC/RS
Kaigang 1.388 PR/SC/RS
Guarani 2.208 SP/PR/RS
Guarani 2.208 SP/PR/RS
No
município de Bauru tivemos no final do século XIX até 1912 muitos conflitos
entre índios e brancos, principalmente durante a construção da estrada de
ferro.
Nas
notícias sobre os ataques dos índios, este era tido como o “bandido” da
história, poucas vezes se dava razão ao mesmo.
A
catequese foi uma forma encontrada pelo homem branco para tentar conquistá-lo,
embora para analisarmos a questão precisaríamos de outra oportunidade.
A
preocupação nacional em relação aos grupos indígenas é muito pequena e vista
com indiferença pela maioria da população, dando assim maior força àqueles que
desejam aproveitar-se da situação para garantir seus interesses.
É
uma questão muito séria que poucos levam a sério, significa a extinção de seres
humanos.
(Publicado no Diário de Bauru com o
título Pobre raça indígena em 12/11/1989, p. 20)
Nenhum comentário:
Postar um comentário